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quarta-feira, 2 de março de 2011



Velhos retratos são como velhos poemas. Quando vemos uma foto recente, achamos que não está boa, que não faz jus a nossa pessoa. O cabelo não ficou bom, o rosto nem parece o da gente, que momento é aquele afinal, com aqueles gestos, que nem sabíamos que tínhamos vivido? Assim são os poemas. Palavras que não aguentam os sentimentos. Palavras que não condizem com a dor ou a alegria.
Palavras egocêntricas que dizem respeito apenas a nós mesmos, aos nossos anseios, dúvidas e particularidades. Junto com as fotos recentes, os poemas recentes ficam lá, escondidos, empoeirados no fluir dos dias e das inevitáveis reciclagens. Após algum tempo, ao olhar a foto antiga, não sei dizer, parece que ela está boa mesmo. Que ela nos agrada, talvez mais do que a fotografia presente da vida vivida agora. E os poemas, parece até que eles têm algum eco, que talvez eles estejam bons, pertinentes, atuais. Será um foco atrasado, será uma nostalgia tardia pelo tempo vivido sem percepção? Ou será apenas a busca inútil de perfeição driblando magistralmente. Nossa falta de compreensão pela vida e imagens sonhadas, versus a vida e a imagem vivida? Fica a dúvida, enquanto guardo estas palavras no rol das coisas inacabadas.

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