“Amigos entram e saem de nossas vidas como garçons num restaurante”. Escutei essa frase bem no finalzinho do filme Conta Comigo, numa Sessão da Tarde, e nunca esqueci. Eu tinha uns 14 anos, e fiquei indignado com essa afirmação. Como assim, amigos são muito mais do que garçons num restaurante, amizades duram para sempre... pensei.
Mas hoje, passados alguns anos, vejo que a frase faz sentido. Tudo bem, há amigos que permanecem em nossas vidas por bastante tempo. Mas, em geral, as amizades têm prazo de validade.
Como nascem as amizades? Pode ser na fila da matrícula da escola, num banco de praça, na sala de aula, no trabalho, na academia, num simples olhar. E as amizades se mantêm enquanto existem interesses em comum ou um contato permanente, ou as duas coisas. O gosto comum para música, esportes, cinema, literatura... ou porque os pais são amigos, ou porque frequentam o mesmo clube, ou porque não se enturmaram com outras pessoas.
Diferentemente dos parentes, escolhemos os amigos que temos. Muitas pessoas têm um tio mala, um primo abobalhado, uma mãe neurótica... esses entram em nossas vidas sem que tenhamos chance de recusar. Já os amigos, nós é que deixamos que eles conheçam nossa intimidade, palpitem em nosso dia a dia, interfiram em nossas escolhas... E como será que morrem as amizades? Como duas pessoas que viviam grudadas certo dia deixam de se comunicar? Sinceramente, não sei. Só sei que é muito estranho tornar-se estranho de uma pessoa que era amiga, que de uma hora para outra tem para nós a mesma importância de um garçom num restaurante.
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